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terça-feira, 24 de julho de 2012

Dom Müller à FSSPX: Vaticano II é vinculante.

O chefe da Congregação Romana para a Doutrina da Fé, Arcebispo Gerhard Ludwig Müller, disse que o Concílio Vaticano II é obrigatório para um possível acordo com a ultraconservadora FSSPX. As declarações do Concílio sobre liberdade religiosa, judaísmo e direitos humanos teriam “implicações dogmáticas,” disse Müller ao “Sueddeutsche Zeitung” (sábado). “Elas não podem ser rejeitadas sem comprometer a fé católica.”
A atitude de Roma com relação aos tradicionalistas é óbvia. “Temos que aguardar e ver qual será a declaração oficial da FSSPX”, disse o Arcebispo. Ele rejeitou as declarações da FSSPX, segundo as quais o Papa Bento XVI gostaria muito da unidade com eles, mas a Congregação para a Doutrina da Fé seria contra. Isso “não tem nada a ver com a realidade.”
As faculdades de teologia e os teólogos estão engajados, na opinião do Arcebispo Gerhard Ludwig Müller, frequentemente em questões secundárias. Entretanto, sua tarefa principal é o grande debate com os valores ateístas e seculares, disse o novo Arcebispo.
Por exemplo, Müller citou a Ética Médica. “Na Alemanha há professores que podem dizer coisas significativas e apresentar contribuições para comitês de ética”. Em suas próprias palavras, Müller gostaria de apoiar esses teólogos. O Arcebispo conclamou as faculdades ao diálogo com outras ciências para continuar na ofensiva.  “Muitos reitores de universidades estão felizes por terem faculdades de teologia”. Questões como, por exemplo, o diaconato de mulheres, por outro lado, não seriam resolvidas pelas faculdades, disse o ex-professor de dogmática de Munique. “Essas são questões doutrinais”. Quanto à critica do teólogo de Tubinga, Hans Küng, sobre a sua nomeação, Müller disse: “Uma vez que Hans Küng é infalível, isso deve ser verdade”. Kung havia falado de uma “desastrosa nomeação.”

domingo, 22 de julho de 2012

Lefebvre perdoado.

Dom Marcel Lefebvre
A batalha do arcebispo Marcel Lefebvre contra o Concílio Vaticano II começou antes ainda da sua abertura, nos trabalhos da comissão preparatória, acompanhou o seu desenvolvimento e continuou em formas cada vez mais explícitas e ásperas até a fundação da Fraternidade Sacerdotal São Pio X e do seminário de Ecône, em 1970, a suspensão a divinis decretada em 1976 por João Paulo II [ndr: na realidade, Paulo VI] por causa das ordenações sacerdotais por ele realizadas contra a proibição de Roma, a consagração cismática de quatro novos bispos em 1988 e a excomunhão latae sententiae que se seguiu. Uma excomunhão revogada, por fim, depois de longas negociações com o motu proprio papal de 21 de janeiro de 2009.
Sinos em festa, tudo está bem quando acaba bem: aquela patrulha combativa e tenaz de tradicionalistas incuráveis, adversos não só à nova missa de Paulo VI, mas também à liberdade de consciência sancionada pelo Concílio, ao ecumenismo, ao espírito de fraternidade com o judaísmo, inclinados contra todo compromisso com o mundo moderno, visto como uma colônia de vermes de perniciosas heresias protestantes, liberais, maçônicas e comunistas, havia portanto se rebaixado a conselhos mais mansos e havia voltado ao aprisco da Santa Igreja? Aquele perdão era, portanto, a consequência de um arrependimento, ou ao menos de um ato de obediência de quem finalmente havia obtido as cobiçadas derrogações em matéria litúrgica?

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Declaração do Capítulo Geral da FSSPX.

Fonte: DICI | Tradução: Fratres in Unum.com
Ao término do Capítulo Geral da Fraternidade São Pio X, reunidos em torno do túmulo de seu venerado fundador, Dom Marcel Lefebvre, e unidos ao seu Superior Geral, nós, os participantes, bispos, superiores e membros mais antigos da Fraternidade, elevamos ao céu nossas mais profundas ações de graças pelos quarenta e dois anos de tão maravilhosa proteção divina sobre nossa obra, em meio a uma Igreja em total crise e a um mundo que se afasta cada dia mais de Deus e de sua lei.
Expressamos nossa profunda gratidão a todos os membros da Fraternidade, sacerdotes, irmãos, irmãs, terciários, às comunidades religiosas amigas, assim como aos queridos fiéis, por sua dedicação diária e por suas fervorosas orações por ocasião deste Capítulo, que conheceu intercâmbios francos e um trabalho frutífero. Todos os sacrifícios, todas as penas aceitas generosamente contribuiram, sem dúvida, para superar as dificuldades que a Fraternidade enfrentou ultimamente.Voltamos a encontrar nossa união profunda em sua missão essencial: manter e defender a Fé Católica, formas bons sacerdotes e trabalhar na restauração da Cristandade. Definimos e aprovamos as condições para uma possível regularização canônica. Estabeleceu-se que, neste caso, um Capítulo extraordinário deliberativo seria convocado de antemão. Todavia, nunca se deve esquecer que a santificação das almas sempre começa por nós mesmos. É a obra de uma Fé viva e operante por meio da caridade, segundo as palavras de São Paulo: “Contra a verdade não temos poder algum; temo-lo apenas em prol da verdade“e ainda: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela… para santificá-la, purificando-a” (Ef. 5: 25 s).
O Capítulo considera que o primeiro dever da Fraternidade, no serviço que pretende prestar à Igreja, é continuar professando, com a ajuda de Deus, a Fé Católica em toda a sua pureza e integridade, com uma determinação proporcional aos ataques que esta mesma Fé não deixa de sofrer hoje.
Portanto, parece-nos oportuno reafirmar nossa Fé na Igreja Católica Romana, única Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, fora da qual não há salvação, nem possibilidade de encontrar os meios que conduzem a esta; em sua constituição monárquica, desejada por Nosso Senhor, que faz com que o poder supremo de governo sobre toda a Igreja recaia somente sobre o Papa, Vigário de Cristo na terra; na realeza universal de Nosso Senhor Jesus Cristo, criador da ordem natural e sobrenatural, ao qual todo homem e toda sociedade deve se submeter.
Sobre todas as inovações do Concílio Vaticano II, que permanecem manchadas de erros, e sobre as reformas que dele provieram,  a Fraternidade somente pode continuar aderindo às afirmações e ensinamentos do Magistério constante da Igreja; ela encontra seu guia neste Magistério ininterrupto que, por seu ato de ensinar, transmite o Depósito revelado em perfeita harmonia  com tudo o que a Igreja inteira acreditou sempre e em todo lugar.
Igualmente, a Fraternidade encontra seu guia na Tradução constante da Igreja, que transmite e transmitirá, até o fim dos tempos, o conjunto dos ensinamentos necessários para manter a Fé e para a salvação, esperando que um debate franco e sério seja possível, tendo como finalidade o retorno das autoridades eclesiásticas à Tradição.
Unimo-nos a todos os outros Católicos perseguidos em diferentes países do mundo que sofrem pela Fé Católica, e muito frequentemente até o martírio. Seu sangue derramado, em união com a Vítima de nossos altares, é a garantia da renovação da Igreja in capite et membris [Na cabeça e em seus membros], de acordo com o velho adágio “sanguis martyrum semen christianorum” [O sangue dos mártires é sementes de cristãos].
Finalmente, dirigimos à Virgem Maria, tão zelosa quanto aos privilégios de seu Divino Filho, zelosa de sua glória, de seu Reino na terra como no Céu. Quantas vezes ela interveio na defesa, inclusive armada, da Cristandade contra os inimigos do reino de Nosso Senhor! Suplicamos a Ela que intervenha hoje para expulsar os inimigos internos que tratam de destruir a Igreja mais radicalmente que os inimigos externos. Que Ela se digne manter na integridade da Fé, no amor à Igreja, na devoção ao Sucessor de Pedro, a todos os membros da Fraternidade São Pio X e a todos os sacerdotes e fiéis que trabalham com os mesmos sentimentos, para que Ela nos proteja e nos preserve tanto do cisma como da heresia.
“Que São Miguel Arcanjo nos comunique o seu zelo pela glória de Deus e a sua força para combater o demônio
“Que São Pio X nos faça partícipe de sua sabedoria, de sua ciência e de sua santidade para discernir a verdade do erro e o bem do mal, nestes tempos de confusão e de mentira”. (Dom Marcel Lefebvre, Albano, 19 de outubro de 1983).
Ecône, 14 de julho 2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Entrevista com Dom Bernard Fellay após a conclusão do Capítulo Geral da Fraternidade São Pio X.

Por DICI | Tradução: Fratres in Unum.com
DICI: Como se desenvolveu o Capítulo Geral? Qual foi a atmosfera?
Dom Fellay: Uma atmosfera bastante calorosa, já que o mês de julho é particularmente tórrido no Valais! Mas, ao mesmo tempo, uma atmosfera de muita aplicação, sobre os fundamentos, já que os membros do Capítulo puderam trocar opiniões livremente, como convém a uma reunião de trabalho desse tipo.

DICI: Tratou-se das relações com Roma? Houve questões que não puderam ser levantadas? Pode-se apaziguar as dissensões que se manifestaram nestes últimos tempos no seio da FSSPX?
Dom Fellay: São muitas perguntas de uma só vez! Com relação a Roma, fomos realmente às raízes das coisas e todos os capitulantes puderam ter acesso a todos os documentos. Nada foi ocultado, não há tabus entre nós. Era meu dever expor exatamente o conjunto dos documentos trocados com o Vaticano, o que havia se transformado em algo difícil por conta do clima deletério dos últimos meses. Essa exposição permitiu uma discussão franca, que esclareceu as dúvidas e dissipou as incompreensões. Isso favoreceu a paz e a unidade dos corações, e é muito reconfortante.

DICI: Como o senhor vê as relações com Roma depois deste Capítulo?
Dom Fellay: Entre nós, todas as ambiguidades foram dissipadas. Em breve, faremos chegar a Roma a posição do Capítulo, que nos deu a oportunidade de precisar nosso itinerário, insistindo sobre a conservação de nossa identidade, que é o único meio eficaz para ajudar a Igreja a restaurar a Cristandade. Porque, como manifestei recentemente, “se queremos frutificar o tesouro da Tradição para o bem das almas, devemos falar e atuar” (cf. entrevista de 8 de junho de 2012, DICI nº 256). Não podemos ficar em silêncio diante da perda generalizada da fé, nem diante da queda vertiginosa das vocações e da prática religiosa. Não podemos nos calar diante da “apostasia silenciosa” e suas causas. Porque a mudez doutrinal não é a resposta a esta “apostasia silenciosa”, da qual João Paulo II já falava em 2003.
Neste sentido, entendemos que nos inspiramos não só na firmeza doutrinal de Dom Lefebvre, mas também em sua caridade pastoral. A Igreja sempre considerou que o melhor testemunho em favor da verdade provinha da união dos primeiros cristãos na oração e na caridade. Não eram senão “um coração e uma alma”, como dizem os Atos dos Apóstolos (cap. 4,32). O boletim interno da Fraternidade São Pio X carrega o título de Cor unum, é um ideal comum, um lema para todos. Portanto, nos separamos claramente de todos os que quiseram aproveitar a situação para semear a discórdia, opondo um membro da Fraternidade a outro. Esse espírito não é de Deus.

DICI: Que considerações merece a nomeação de Dom Ludwig Müller para a Congregação para a Doutrina da Fé?
O antigo bispo de Ratisbona, onde se encontra nosso seminário de Zeitzkofen, não nos admira, e isso não é segredo para ninguém. Depois do corajoso ato de Bento XVI em nosso favor, em 2009, ele parecia ter pouco interesse em atuar no mesmo sentido e nos tratava como leprosos! Foi ele quem então declarou que nosso seminário deveria ser fechado e que nossos seminaristas deveriam reingressar nos seminários de suas regiões de origem, afirmando, sem rodeios, que “os quatro bispos da Fraternidade São Pio X devem renunciar”! (Cf. entrevista a Zeit online, 8 de maio de 2009).
No entanto, mais importante e mais inquietante para nós é papel que ele deverá assumir à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, que deve defender a fé, cuja missão própria consiste em combater os erros doutrinais e as heresias. Porque muitos textos de Dom Müller sobre a verdade transubstanciação do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo, sobre o dogma da virgindade de Maria, sobre a necessidade dos não-católicos se converterem à Igreja Católica… são mais do que discutíveis! Não cabe dúvidas de que em outra época teriam sido objeto de uma intervenção da parte do Santo Ofício, do qual surgiu a Congregação para a Doutrina da Fé que ele encabeça atualmente.

DICI: Como se apresenta o futuro da Fraternidade São Pio X? No combate pela Tradição da Igreja, a Fraternidade continuará andando no fio da navalha?
Dom Fellay: Mais do que nunca, devemos conservar efetivamente essa linha fixada por nosso venerável fundador. É um norte difícil de manter, mas é absolutamente vital para a Igreja e para o tesouro de sua Tradição. Somos católicos, reconhecemos o Papa e os bispos, mas devemos sobretudo conservar a fé inalterada, fonte da graça de Deus. Consequentemente, devemos evitar tudo o que a coloque em perigo, sem que por isso passemos a ocular o lugar da Igreja Católica, Apostólica, Romana. Longe de nós a idéia de constituir uma Igreja paralela, exercendo um magistério paralelo!
Dom Lefebvre explicou isso muito bem já há mais de trinta anos: a única coisa que quis fazer foi transmitir o que havia recebido da Igreja bimilenar. Isso é tudo o que nós queremos seguindo a ele, porque só assim poderemos ajudar eficazmente a “restaurar todas as coisas em Cristo”. Não somos nós que romperemos com Roma, a Roma eterna, mestra da sabedoria e da verdade. Contudo, seria irreal negar a influência modernista e liberal que se difunde na Igreja desde o Concílio Vaticano II e as reformas que o seguiram. Numa palavra, guardamos a fé no primado do Pontífice Romano e na Igreja fundada sobre Pedro, mas recusamos tudo o que contribuir para a “auto-demolição da Igreja”, reconhecida pelo próprio Paulo VI em 1968. Queira Nossa Senhora, Mãe da Igreja, apressar o dia de sua autêntica restauração!

(DICI n°258)

sábado, 14 de julho de 2012

Comunicado da Casa Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.

Fonte: DICI | Tradução: Fratres in Unum.comO Capítulo Geral da Fraternidade São Pio X se encerrou neste sábado, 14 de julho de 2012, em Écône (Suíça). Unidos junto ao túmulo de Dom Marcel Lefebvre, os capitulares renderam graças a Deus pela profunda unidade que reinou entre eles ao longo desses dias de trabalho.
O Capítulo Geral endereçará, em breve, uma declaração conjunta a Roma, que então será publicada.
O Superior Geral, Dom Bernard Fellay, agradeceu profundamente a todos os sacerdotes e fiéis por suas fervorosas orações por esse capítulo.
Écône, 14 de julho de 2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Jovem morreu por priorizar gravidez a tratamento de câncer.



Chiara Petrillo.
Chiara Petrillo.
ROMA, segunda-feira, 18 de junho de 2012 – Salvatore Cernuzio | ZENIT.org – Neste sábado, na igreja de Santa Francisca Romana, da capital italiana, foi celebrado o funeral da jovem Chiara Petrillo, falecida depois de dois anos de sofrimento provocado por um tumor.
A cerimônia não teve nada de fúnebre: foi uma grande festa em que participaram cerca de mil pessoas, lotando a igreja, cantando e aplaudindo desde a entrada do caixão até a saída.
A extraordinária história de Chiara se difundiu pela internet com um vídeo no YouTube, que registrou mais de 500 visualizações em apenas um dia.
A luminosa jovem romana de 28 anos, com o sorriso sempre nos lábios, morreu porque escolher adiar o tratamento que podia salvá-la. Ela preferiu priorizar a gravidez de Francisco, um menino desejado desde o começo de seu casamento com Enrico.
Não era a primeira gravidez de Chiara. As duas anteriores acabaram com a morte dos bebês logo após cada parto, devido a graves malformações.
Sofrimentos, traumas, desânimo. Chiara e Enrico, porém, nunca se fecharam para a vida. Depois de algum tempo, chegou Francisco.
As ecografias agora confirmavam a boa saúde do menino, mas, no quinto mês, Chiara teve diagnosticada pelos médicos uma lesão na língua. Depois de uma primeira intervenção, confirmou-se a pior das hipóteses: era um carcinoma.
Começou uma nova série de lutas. Chiara e o marido não perderam a fé. Aliando-se a Deus, decidiram mais uma vez dizer sim à vida.
Chiara defendeu Francisco sem pensar duas vezes e, correndo um grave risco, adiou seu tratamento para levar a maternidade adiante. Só depois do parto é que a jovem pôde passar por uma nova intervenção cirúrgica, desta vez mais radical. Vieram os sucessivos ciclos de químio e radioterapia.
Francisco nasceu sadio no dia 30 de maio de 2011. Mas Chiara, consumida até perder a vista do olho direito, não conseguiu resistir por mais do que um ano. Na quarta-feira passada, por volta do meio dia, rodeada de parentes e de amigos, a sua batalha contra o dragão que a perseguia, como ela definia o tumor em referência à leitura do apocalipse, terminou.
Mas na mesma leitura, que não foi escolhida por acaso para a cerimônia fúnebre, ficamos sabendo também que uma mulher derrota o dragão. Chiara perdeu um combate na terra, mas ganhou a vida eterna e deixou para todos um testemunho verdadeiro de santidade.
“Uma nova Gianna Beretta Molla”, definiu-a o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, que prestou homenagem pessoalmente a Chiara, a quem conhecera havia poucos meses, juntamente com Enrico.
“A vida é um bordado que olhamos ao contrário, pela parte cheia de fios soltos”, disse o purpurado. “Mas, de vez em quando, a fé nos faz ver a outra parte”. É o caso de Chiara, segundo o cardeal: “Uma grande lição de vida, uma luz, fruto de um maravilhoso desígnio divino que escapa ao nosso entendimento, mas que existe”.
“Eu não sei o que Deus preparou para nós através desta mulher”, acrescentou, “mas certamente é algo que não podemos perder. Vamos acolher esta herança que nos lembra o justo valor de cada pequeno gesto do cotidiano”.
“Nesta manhã, estamos vendo o que o centurião viveu há dois mil anos, ao ver Jesus morrer na cruz e proclamar: Este era verdadeiramente o filho de Deus”, afirmou em sua homilia o jovem franciscano frei Vito, que assistiu espiritualmente Chiara e a família no último período.
“A morte de Chiara foi o cumprimento de uma prece. Depois do diagnóstico de 4 de abril, que a declarou doente terminal, ela pediu um milagre: não a própria cura, mas o milagre de viver a doença e o sofrimento na paz, junto com as pessoas mais próximas”.
“E nós”, prosseguiu frei Vito, visivelmente emocionado, “vimos morrer uma mulher não apenas serena, mas feliz”. Uma mulher que viveu desgastando a vida por amor aos outros, chegando a confiar a Enrico: “Talvez, no fundo, eu não queira a cura. Um marido feliz e um filho sereno, mesmo sem ter a mãe por perto, são um testemunho maior do que uma mulher que venceu a doença. Um testemunho que poderia salvar muitas pessoas…”.
A esta fé, Chiara chegou pouco a pouco, “seguindo a regra assumida em Assis pelos franciscanos que ela tanto amava: pequenos passos possíveis”. Um modo, explicou o frade, “de enfrentar o medo do passado e do futuro perante os grandes eventos, e que ensina a começar pelas coisas pequenas. Nós não podemos transformar a água em vinho, mas podemos começar a encher os odres. Chiara acreditava nisto e isto a ajudou a viver uma vida santa e, portanto, uma morte santa, passo a passo”.
Todas as pessoas presentes levaram da igreja uma plantinha, por vontade de Chiara, que não queria flores em seu funeral. Ela preferia que cada um recebesse um presente. E no coração, todos levaram um “pedacinho” desse testemunho, orando e pedindo graças a esta jovem mulher que, um dia, quem sabe, será chamada de beata Chiara Corbela.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Chamado para destruir.

Fonte: Fratres in Unum.com

Em menos de uma semana, o novo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé abalou a relação entre Santa Sé e Fraternidade São Pio X. Abaixo, publicamos um trecho da entrevista concedida ontem por Dom Müller ao jornal Mittelbayerische Zeitung.
O novo prefeito do Santo Ofício.
O novo prefeito do Santo Ofício.

As negociações entre o Vaticano e os irmãos da FSSPX são amigáveis, cristãs e humanas, mas claramente em formação. Quem quer se tornar Católico novamente deve reconhecer a autoridade do Papa e dos bispos. Ninguém deveria pensar poder impor suas próprias idéias sobre a Igreja Católica. As conversações em Roma não são negociações entre dois partidos. Nenhuma fraternidade religiosa pode impor condições à Igreja.
As negociações entre a FSSPX e o Vaticano vêm acontecendo desde janeiro de 2009. Quanto tempo ainda é necessário?
Com o tempo, o “ponto sem volta” está chegando e eles devem decidir: eles desejam a unidade da Igreja? Isso inclui a aceitação da forma e do conteúdo do Concílio Vaticano II, e as anteriores e posteriores afirmações e decisões do Magistério. Não há outro caminho.
A principal crítica da FSSPX é a permissão do Concílio Vaticano II para Missas na língua local ao invés do latim. Há alguma concessão?
O que pode ser concedido é o que, na realidade, pertence à diversidade da fé e vida Católicas. A reforma litúrgica do Vaticano II foi, com realismo, correta e necessária. Não se pode lançar polêmicas contra isso só porque há abusos.
A FSSPX acaba de qualificar o senhor como um herético, isto é, alguém que se separou da fé.
Não tenho que dar uma resposta a toda estupidez.

sábado, 7 de julho de 2012

Um novo Superior Geral para o Instituto do Bom Pastor. Mas…

Fonte: Fratres in Unum.com

Comunicado divulgado hoje pelo Capítulo Geral do Instituto do Bom Pastor:
Padre Roch Perrel.
Padre Roch Perrel.
O Instituto do Bom Pastor, em seu capítulo geral, o segundo depois da fundação, refletiu sobre esses seis anos decorridos e confirmou seus recentes estatutos na fidelidade aos compromissos assumidos em 2006. Sendo uma jovem fundação, o Instituto do Bom Pastor se consolida guiado pelos estatutos aprovados pela Santa Sé, em torno dos quais numerosos padres e seminaristas se uniram no serviço da Igreja. Foram eleitos: o Padre Roch Perrel, Superior Geral; Primeiro Assistente, Padre Paul Aulagnier; Segundo Assistente, Padre Leszek Krolikowski; Padre Stefano Carusi, Terceiro Conselheiro; Padre Louis-Numa Julien, Quarto Conselheiro. Invocando a proteção da Santíssima Virgem Maria e seu Divino Filho Jesus, Bom Pastor.
Padre Leszek Krolikowski
Secretário do Capítulo Geral, Courtalain, 6 de julho de 2012.
Padre Roch Perrel, atual reitor do Seminário São Vicente e antigo Superior do Brasil, é o novo Superior Geral do Instituto do Bom Pastor. Félicitations, Monsieur l’Abbé!
Todavia, este comunicado não está divulgado em nenhum veículo oficial do Instituto. E o site oficial adverte a respeito: “Toda comunicação oficial do Instituto do Bom Pastor deve, evidentemente, ser publicada neste site”. O que ocorre, então?
Ao que tudo indica, houve uma cisão no Capítulo. Os velhos dirigentes parecem não aceitar a nova composição de governo do IBP.
Em seu blog, o [ex?] Superior Geral enigmaticamente aborda o assunto. Ele evoca o Direito Canônico para afirmar que, uma vez proclamado o resultado do Capítulo e tendo o eleito aceitado o encargo, apenas uma instância superior poderia contestar tal decisão. E assina, após insinuar um recurso à Sé Apostólica ["todos os caminhos levam a Roma..."]: “Padre Phillippe Laguerie, Superior Geral do Instituto do Bom Pastor”.
Fora o Padre Laguerie reeleito e, uma vez contestada a sua reeleição, outro superior acabou escolhido? Não está a nosso alcance saber.
Até que a situação se esclareça, o que podemos inferir do comunicado (ainda não divulgado em nenhum outro meio, mas cuja autenticidade foi diligentemente certificada pela nossa edição) é a vitória interna dos “compromissos assumidos em 2006″, caracterizados especificamente pelo Rito Latino Gregoriano enquanto “exclusivo” do Instituto e pelo serviço de uma “crítica séria e construtiva” aos textos do Concílio Vaticano II.
Já abordamos as divergências no IBP e a insurgência da Comissão Ecclesia Dei contra esses mesmíssimos princípios fundacionais aqui.
A nova direção do IBP é composta por padres jovens — com exceção do Pe. Aulagnier, braço direito de Dom Lefebvre por décadas — comprometidos com as razões originais pelas quais “se uniram no serviço da Igreja”. Padre Carusi, editor de Disputationes Theologicae,  assume posto de importância, enquanto seu franco opositor, Padre De Tanöuarn, antigo Primeiro-Assistente, cai no ostracismo.
No mês passado, a carta aos amigos e benfeitores do seminário do Instituto já afirmava: o Capítulo Geral “é também o momento de examinar a fidelidade dos padres aos princípios fundadores do Instituto, tanto doutrinais como pastorais ou espirituais [...] Alguns até pensaram que o IBP, sendo fruto do encontro surpreendente de personalidades fortes (os padres Laguérie, Tanoüarn e Héry),  não poderia formar uma comunidade. Os mesmos previam uma explosão em pouquíssimo tempo. Vários anos depois, o IBP ainda está aí, mesmo que haja divisões em suas fileiras”.
Resta agora saber como e se o Instituto sobreviverá a esta que é, até agora, a sua mais árdua prova.

terça-feira, 3 de julho de 2012

1° missa do Padre Daniel Pinheiro

Foi ordenado por S. Exc Dom Fernando José Monteiro Guimarãe, C.SS.R, em 29 de junho de 2012.
É o primeiro Padre Brasileiro no IBP.

 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Homilia do Papa Bento XVI, na festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo

Mas, de que modo Pedro é a rocha? Como deve realizar esta prerrogativa, que naturalmente não recebeu para si mesmo? A narração do evangelista Mateus começa por nos dizer que o reconhecimento da identidade de Jesus proferido por Simão, em nome dos Doze, não provém «da carne e do sangue», isto é, das suas capacidades humanas, mas de uma revelação especial de Deus Pai. Caso diverso se verifica logo a seguir, quando Jesus prediz a sua paixão, morte e ressurreição; então Simão Pedro reage precisamente com o impeto «da carne e do sangue»: «Começou a repreender o Senhor, dizendo: (…) Isso nunca Te há-de acontecer!» (16, 22). Jesus, por sua vez, replicou-lhe: «Vai-te daqui, Satanás! Tu és para Mim uma ocasião de escândalo…» (16, 23). O discípulo que, por dom de Deus, pode tornar-se uma rocha firme, surge aqui como ele é na sua fraqueza humana: uma pedra na estrada, uma pedra onde se pode tropeçar (em grego, skandalon). Por aqui, se vê claramente a tensão que existe entre o dom que provém do Senhor e as capacidades humanas; e aparece de alguma forma antecipado, nesta cena de Jesus com Simão Pedro, o drama da história do próprio Papado, caracterizada precisamente pela presença conjunta destes dois elementos: graças à luz e força que provêm do Alto, o Papado constitui o fundamento da Igreja peregrina no tempo, mas, ao longo dos séculos assoma também a fraqueza dos homens, que só a abertura à acção de Deus pode transformar.
E no Evangelho de hoje sobressai, forte e clara, a promessa de Jesus: «as portas do inferno», isto é, as forças do mal, «non praevalebunt», não conseguirão levar a melhor. Vem à mente a narração da vocação do profeta Jeremias, a quem o Senhor diz ao confiar-lhe a missão: «Eis que hoje te estabeleço como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e de seus chefes, dos sacerdotes e do povo da terra. Far-te-ão guerra, mas não hão-de vencer - non praevalebunt -, porque Eu estou contigo para te salvar» (Jr 1, 18-19). Na realidade, a promessa que Jesus faz a Pedro é ainda maior do que as promessas feitas aos profetas antigos: de facto, estes encontravam-se ameaçados por inimigos somente humanos, enquanto Pedro terá de ser defendido das «portas do inferno», do poder destrutivo do mal. Jeremias recebe uma promessa que diz respeito à sua pessoa e ministério profético, enquanto Pedro recebe garantias relativamente ao futuro da Igreja, da nova comunidade fundada por Jesus Cristo e que se prolonga para além da existência pessoal do próprio Pedro, ou seja, por todos os tempos.
Detenhamo-nos agora no símbolo das chaves, de que nos fala o Evangelho. Ecoa nele o oráculo do profeta Isaías a Eliaquim, de quem se diz: «Porei sobre os seus ombros a chave do palácio de David; o que ele abrir, ninguém fechará; o que ele fechar, ninguém abrirá» (Is 22, 22). A chave representa a autoridade sobre a casa de David. Entretanto, no Evangelho, há outra palavra de Jesus, mas dirigida aos escribas e fariseus, censurando-os por terem fechado aos homens o Reino dos Céus (cf. Mt 23, 13). Também este dito nos ajuda a compreender a promessa feita a Pedro: como fiel administrador da mensagem de Cristo, compete-lhe abrir a porta do Reino dos Céus e decidir se alguém será aí acolhido ou rejeitado (cf. Ap 3, 7). As duas imagens – a das chaves e a de ligar e desligar – possuem significado semelhante e reforçam-se mutuamente. A expressão «ligar e desligar» pertencia à linguagem rabínica, aplicando-se tanto no contexto das decisões doutrinais como no do poder disciplinar, ou seja, a faculdade de infligir ou levantar a excomunhão. O paralelismo «na terra (…) nos Céus» assegura que as decisões de Pedro, no exercício desta sua função eclesial, têm valor também diante de Deus.
No capítulo 18 do Evangelho de Mateus, consagrado à vida da comunidade eclesial, encontramos outro dito de Jesus dirigido aos discípulos: «Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu» (Mt 18, 18). E na narração da aparição de Cristo ressuscitado aos Apóstolos na tarde da Páscoa, São João refere esta palavra do Senhor: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos» (Jo 20, 22-23). À luz destes paralelismos, é claro que a autoridade de «desligar e ligar» consiste no poder de perdoar os pecados. E esta graça, que despoja da sua energia as forças do caos e do mal, está no coração do mistério e do ministério da Igreja. A Igreja não é uma comunidade de seres perfeitos, mas de pecadores que se devem reconhecer necessitados do amor de Deus, necessitados de ser purificados através da Cruz de Jesus Cristo. Os ditos de Jesus sobre a autoridade de Pedro e dos Apóstolos deixam transparecer precisamente que o poder de Deus é o amor: o amor que irradia a sua luz a partir do Calvário. Assim podemos compreender também por que motivo, na narração evangélica, à confissão de fé de Pedro se segue imediatamente o primeiro anúncio da paixão: na verdade, foi com a sua própria morte que Jesus venceu as forças do inferno; com o seu sangue, Ele derramou sobre o mundo uma torrente imensa de misericórdia, que irriga, com as suas águas salutares, a humanidade inteira.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Di Noia, o homem para salvar as relações Roma-FSSPX? “É possível ter divergências teológicas e permanecer em comunhão com a Sé de Pedro”.

Dom Di Noia na Igreja Santíssima Trindade dos Peregrinos, em Roma.
Dom Di Noia na Igreja Santíssima Trindade dos Peregrinos, em Roma.
Dom Di Noia declarou ao Catholic News Service, em 26 de junho, que o Vaticano precisava ajudar as pessoas que têm fortes objeções ao Concílio a verem “que essas divergências não têm de nos dividir ou nos afastar da mesma mesa da Comunhão”.
“É possível ter divergências teológicas e permanecer em comunhão com a Sé de Pedro”, disse.
“Parte do que estamos dizendo é que, quando você le os documentos (do Vaticano II), não pode lê-los do ponto de vista de alguns bispos liberais que possam ter sido participantes (do concílio), você ter que lê-los em sentido literal”, afirmou Dom Di Noia à CNS. “Dado que o Espírito Santo está guiando a Igreja, os documentos não podem estar em descontinuidade com a tradição”.
[...] O Cardeal americano William J. Levada permanece como presidente da comissão e Mons. Guido Pozzo continua como secretário.
A nomeação do arcebispo [Di Noia] é significativa, pois dedica perícia e mão-de-obra às questões ainda em consideração pela Fraternidade São Pio X.
O Padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse aos jornalistas que a nova posição é um sinal da “importância e delicada natureza do tipo de dificuldades” com que a comissão está lidando e não deve ser vista como um indício de como as coisas estão caminhando com a Fraternidade.
O Arcebispo Di Noia declarou que sua tarefa será ajudar a resolver o impasse sobre os termos de um acordo.
“O diálogo teológico ocorreu por três anos, mas agora (o Papa) espera encontrar a linguagem ou a modalidade para uma reconciliação”, contou Dom Di Noia à CNS. “Estamos no estágio de sutilezas, para ajudá-los a encontrar uma fórmula que respeite sua própria integridade teológica”.
“Parece para todos que (uma reconciliação) está próxima, mas agora ela precisa de uma espécie de empurrão”, afirmou.
Quando Dom Di Noia era sub-secretário da congregação doutrinal, esteve envolvido com o estabelecimento pelo Papa, em 2009, de ordinariatos pessoais, estruturas especiais para antigos anglicanos que querem estar em plena comunhão com a Igreja Católica, enquanto preservam aspectos de sua herança litúrgica e espiritual anglicana.
“É possível que (o Papa Bento XVI) tenha esta experiência em vista” ao selecioná-lo para sua última função, disse o Arcebispo.

Nomeações na Cúria. Di Noia vice-presidente da Ecclesia Dei. Renúncia de bispo argentino escandaloso.

Dom Joseph Augustine Di Noia, novo vice-presidente da Comissão Ecclesia Dei.


Dom Joseph Augustine Di Noia, novo vice-presidente da Comissão Ecclesia Dei.
Fonte: Fratres in Unum.com
A Santa Sé divulgou hoje diversas nomeações realizadas pelo Santo Padre para cargos de segundo escalão, mas não irrelevantes, na Cúria Romana:
Dom Jean-Louis Bruguès, O.P., então Secretário da Congregação para a Educação Católica, foi nomeado Arquivista e Bibliotecário da Santa Igreja Romana. Sua linha de pensamento pode ser conhecida no discurso que proferiu aos seminários pontifícios, em junho de 2009, em que abordava “dois modelos de Igreja” e as dificuldades do período pós-conciliar.
Dom Vincenzo Paglia, então bispo de Terni-Narni-Amelia e ligado à Comunidade de Santo Egídio, foi nomeado Presidente do Pontifício Conselho para a Família, no lugar do aposentado Cardeal Ennio Antonelli.
A mudança mais importante fica por conta da transferência de Dom Joseph Augustine Di Noia da Secretaria do Culto Divino para a vice-presidência da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei. Como número dois do Culto Divino, assume Dom Arthur Roche, até agora bispo de Leeds.
Dom Arthur Roche era um dos destinatários da crítica contundente feita pelo Cardeal Ranjith, então Secretário para o Culto Divino, aos bispos que agem como “instrumentos do demônio” ao fomentar a rebelião contra o Motu Proprio Summorum Pontificum. Em 2007, Roche afirmava que “os poderes dos bispos para barrar a Missa Tridentina permanecem em vigor”.
Particularmente no âmbito da liturgia, esta mudança se apresenta como uma vitória do partido montiniano na Cúria Romana.
Como publicávamos em março de 2011, o Cardeal Cañizares, Prefeito para o Culto Divino, “desejaria, em certa medida, reestabelecer a ordem na liturgia. Punindo os desvios de esquerda, mas limitando também o máximo possível as concessões aos tradis. Seu aliado neste combate seria o prelado maltês da Secretaria de Estado, Mons. Charles Scicluna. O mesmo Scicluna que goza de toda a confiança de Bento XVI por sua recusa a qualquer concessão no dossiê ultra-explosivo dos costumes do fundador dos Legionários de Cristo, Padre Maciel. Scicluna se tornaria o novo secretário da Congregação para o Culto Divino [o que não ocorreu], substituindo o arcebispo americano Joseph Augustine Di Noia…”.
Após o anúncio da nomeação de Di Noia, a Congregação para a Doutrina da Fé, à qual a Comissão Ecclesia Dei está subordinada, lançou um comunicado em que afirma:  “A nomeação de um prelado de alto-nível para esta posição é um sinal da solicitude pastoral do Santo Padre para com os católicos tradicionalistas em comunhão com a Santa Sé e seu forte desejo de uma reconciliação com aquelas comunidades tradicionalistas ainda não em união com a Sé de Pedro. [...] Como respeitado teólogo dominicano, Dom Di Noia dedicou muita atenção a essas questões doutrinais, assim como à prioridade da hermenêutica da continuidade e reforma na correta interpretação do Concílio Vaticano II — uma área criticamente importante no diálogo entre a Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X. [...] A experiência e a contínua associação de Dom Di Noia com a Congregação para o Culto Divino facilitará o desenvolvimento de certas provisões litúrgicas desejadas na celebração do Missale Romanum de 1962. Ademais, o amplo respeito que Dom Di Noia goza das comunidades judaicas ajudará a tratar de algumas questões que surgiram na área das relações católico-judaicas enquanto tem progredido a jornada em direção à reconciliação das comunidades tradicionalistas”.
“Solicitude pastoral” não sentida em 2011, da parte de Di Noia, por alguns “tradicionalistas em comunhão com a Santa Sé”.
Restaria ainda questionar a verdadeira sanha da Cúria Romana em tratar de “certas provisões litúrgicas desejadas” para a Missa Tradicional [novos prefácios, lecionário, etc]. Desejadas por quem? Fora meia-dúzia de gatos pingados excêntricos, ninguém no mundo tradicional deseja “provisão” alguma.
Dom Protase Rugambwa, até então bispo de Kigoma, foi designado para o cargo de Secretário-adjunto da Congregação para a Evangelização dos Povos e Presidente das Pontifícias Obras Missionárias.
Por fim, Monsenhor Krzysztof Józef Nykiel foi nomeado regente da Penitenciária Apostólica e o escandaloso bispo argentino  Fernando Bargalló teve sua renúncia aceita a jato, menos de uma semana após apresentá-la.
É esperada para as próximas semanas o anúncio do novo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em substituição ao Cardeal Levada, que já ultrapassou a idade limite. O nome mais cotado é o do alemão Gerhard Ludwig Müller, bispo de Regensburgo. Fala-se ainda na substituição de Bertone para outubro.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cardeal Koch sobre os 500 anos da Revolução Protestante: “Não podemos comemorar um pecado”.

O responsável pelo ecumenismo no Vaticano “chutou o balde”. Em 2017, comemora-se os 500 anos da Reforma Protestante. Comemora-se? Segundo o Cardeal Kurt Koch (foto), Prefeito do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, “não podemos comemorar um pecado”. 
Em um ambiente embebido no politicamente correto das últimas décadas, surpreende ouvir um Cardeal — ainda mais o responsável pelo ecumenismo — falando assim, sem papas na língua. Ele sabe disso, e reconhece o risco de ser considerado “anti-ecumênico”. Mas vai adiante: “Os acontecimentos que dividem a Igreja não podem ser considerados como um dia de festa”.
Koch afirmou ainda que desejava assistir, em memória do acontecimento, a uma reunião das confissões reformadas seguindo o exemplo dado por João Paulo II, em 2000, isto é, pedindo desculpas e reconhecendo seus erros, condenando, ao mesmo tempo, as divisões na Cristandade.
A resposta não tardou. A comissionada do Conselho da Igreja Evangélica da Alemanha para o Jubileu de 2017 não quis diálogo nenhum. Esbravejou: “A Reforma Protestante não é nosso pecado, mas uma reforma da Igreja urgente e necessária do ponto de vista bíblico, na qual defendemos a liberdade evangélica; não temos que nos confessar culpáveis de nada”.
Bem, as palavras da filha de Lutero demonstram o que qualquer Católico já sabe. No “caminho ecumênico” só há uma culpada, a Santa Igreja Católica, e só a Ela são feitas exigências.

A Prelazia São Pio X: o que Dom Fellay assinou.

Apesar do segredo muito bem mantido sobre as negociações entre Roma e a FSSPX e, seja como for, as reviravoltas casuais clássicas “de última hora” em tais casos e que consomem (que são destinadas a consumir?) os nervos, conhecemos agora o essencial da declaração doutrinal assinada em 15 de abril de 2012, que deve constituir a base do reconhecimento canônico da obra de Dom Lefebvre, sob a forma de uma Prelazia Pessoal.
De fato, em sua conferência de terça-feira, 5 de junho de 2012, na escola Saint-Joseph-des-Carmes, o Padre Pflüger, Primeiro-Assistente do Superior-Geral da Fraternidade São Pio X, deu, em substância, os principais elementos desta declaração que, não é mais segredo para ninguém, a Comissão Ecclesia Dei, de imediato, considerou totalmente satisfatória. Os termos suaves de Dom Fellay procuravam ser recebidos por seus interlocutores, enquanto mantendo a linha firme de Dom Marcel Lefebvre. Uma retomada muito inteligente, em suma, da fórmula da adesão de 1988.
No essencial, segundo o testemunho do Primeiro-Assistente, Dom Fellay, sobre os pontos que geram dificuldades no Concílio e na nova liturgia, declarou e assinou que:
“O critério e o guia para a compreensão dos ensinamentos do Concílio Vaticano II deve ser a Tradição da Fé Católica integral, que por sua vez esclarece certos aspectos da vida e doutrina da Igreja ainda não formulados, mas implicitamente presentes nela. As afirmações do Concílio Vaticano II e do Magistério Pontifício posterior relativas à relação entre as Igreja Católica e as confissões cristãs não-católicas devem ser entendidas à luz de toda a Tradição”.
Satisfazendo, assim, tanto a Comissão Ecclesia Dei como aqueles que tinham receios dentro da FSSPX.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Sagrado Coração, santificai os sacerdotes!

Vitral Sagrado Coração
Ó meu Jesus, Vos peço por toda a Igreja,
concedei-lhe o amor e a luz do Vosso Espírito,
dai vigor às palavras dos sacerdotes,
de tal modo que os corações endurecidos
se enterneçam e retornem a Vós, Senhor.
Ó, Senhor, dai-nos santos sacerdotes;
Vós mesmo, conservai-lhes na santidade.
Ó Divino e Sumo Sacerdote,
que a potência da vossa misericórdia
lhes acompanhe em todos os lugares
e lhes defenda das insídias e dos laços do diabo,
pois ele tenta continuamente as almas dos sacerdotes.
Ó Senhor, que a potência da Vossa misericórdia
quebre e aniquile tudo aquilo
que possa obscurecer a santidade dos sacerdotes,
porque Vós podeis todas as coisas.
Meu Jesus amantíssimo,
Vos peço pelo trinfo da Vossa Igreja,
para que abençoes o Santo Padre e todo o clero;
para obter a graça da conversão
dos pecadores obstinados no pecado;
por uma especial bênção e luz,
Vos peço, Jesus, pelos sacerdotes
com os quais me confessarei durante toda a minha vida.
(Santa Faustina Kowalska)
* * *
EXAME DE CONSCIÊNCIA PARA OS SACERDOTES
1. « Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade » (Jo. 17,19) Proponho-me seriamente à santidade em meu ministério? Estou convencido de que a fecundidade do meu ministério sacerdotal vem de Deus e que, com a graça do Espírito Santo, devo identificar-me com Cristo e dar a minha vida pela salvação do mundo?
2. « Isto é o meu Corpo » (Mt. 26,26) O Santo Sacrifício da Missa é o centro da minha vida interior? Preparo-me bem, celebro devotamente e, depois, me recolho em ação de graças? A Missa constitui o ponto de referência habitual em minha jornada para louvar a Deus, agradecê-lo pelos seus benefícios, recorrer à sua benevolência e reparar pelos meus pecados e pelos de todos os homens?
3. « O zelo pela tua casa me devora » (Jo. 2,17) Celebro a Missa segundo os ritos e as normas estabelecidas, com autêntica motivação, com os livros litúrgicos aprovados? Estou atento às sagradas espécies conservadas no Sacrário, renovando-as periodicamente? Conservo os vasos sagrados com atenção? Uso dignamente todas as vestes sagradas previstas pela Igreja, tendo presente que atuo in persona Christi Capitis?
4. « Permanecei em meu amor » (Jo. 15,9) Causa-me alegria permanecer diante de Jesus Cristo presente no Santíssimo Sacramento, em minha meditação e silenciosa adoração? Sou fiel à visita diária ao Santíssimo Sacramento? O meu tesouro é o Sacrário?
5. « Explica-nos a parábola » (Mt. 13,36) Faço diariamente a minha meditação, com atenção e procurando superar qualquer tipo de distração que me separe de Deus, buscando a luz do Senhor, a quem sirvo? Medito assiduamente a Sagrada Escritura? Recito atentamente as minhas orações habituais?
6. É necessário « orar sempre, sem desfalecer » (Lc. 18,1) Celebro quotidianamente a Liturgia das Horas integralmente, dignamente, atentamente e devotamente? Sou fiel ao meu compromisso com Cristo nesta dimensão importante do meu ministério, orando em nome de
toda a Igreja?
7. « Vem e segue-me » (Mt. 19,21) Nosso Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro amor da minha vida? Observo com alegria meu compromisso de amor a Deus na continência celibatária? Detive-me conscientemente em pensamentos, desejos ou atos impuros; tive conversas inconvenientes? Coloquei-me em ocasião próxima de pecado contra a castidade? Procuro guardar a vista? Fui imprudente ao tratar as diversas categorias de pessoas? A minha vida representa, para os fiéis, um testemunho do fato de que a pureza é possível, fecunda e alegre?
8. « Quem tu és? » (Jo. 1,20) Encontro elementos de fraqueza, preguiça e fragilidade em minha conduta habitual? As minhas conversas estão de acordo com o sentido humano e sobrenatural que um sacerdote deve ter? Estou atento para que não se introduzam em minha vida elementos superficiais ou frívolos? Sou coerente, em todas as minhas ações, com a minha condição de sacerdote?
9. « O Filho do homem não há onde repousar a cabeça » (Mt. 8,20) Amo a pobreza cristã? Coloco meu coração em Deus e sou desapegado interiormente de todo o resto? Estou disposto a renunciar, para melhor servir a Deus, às minhas comodidades atuais, aos meus projetos pessoais, aos meus afetos legítimos? Possuo coisas supérfluas, fiz gastos desnecessários ou me deixo levar pela ânsia do comodismo? Faço o possível para viver os momentos de repouso e de férias na presença de Deus, recordando que sou sacerdote sempre e em todo lugar, também nestes momentos?
10. « Escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revel aste aos pequenos » (Mt. 11,25) Existem em minha vida pecados de soberba: dificuldades interiores, suscetibilidade, irritação, resistência a perdoar, tendência ao desencorajamento, etc.? Peço a Deus a virtude da humildade?
11. « Imediatamente, saiu sangue e água » (Jo. 19, 34) Tenho a convicção de que, ao agir « na pessoa de Cristo », sou diretamente envolvido no próprio Corpo de Cristo, a Igreja? Posso dizer sinceramente que amo a Igreja e que sirvo com alegria ao seu crescimento, as suas causas, cada um de seus membros e toda a humanidade?
12. « Tu és Pedro » (Mt. 16,18) Nihil sine episcopo – nada sem o bispo – dizia Santo Inácio de Antioquia: estas palavras são a base do meu ministério sacerdotal? Recebi docilmente as indicações, conselhos ou correções do meu Ordinário? Rezo especialmente pelo Santo Padre, em plena união com os seus ensinamentos e intenções?
13. « Amai-vos uns aos outros » (Jo. 13,34) Tenho vivido com diligência a caridade ao tratar com os meus irmãos sacerdotes ou, ao contrário, desinteresso-me deles por egoísmo, apatia ou frieza? Tenho criticado os meus irmãos no sacerdócio? Tenho estado junto daqueles que sofrem pela enfermidade física ou pelas dores morais? Vivo a fraternidade afim de que ninguém esteja só? Trato todos os meus irmãos sacerdotes e também aos fiéis leigos com a mesma caridade e paciência de Cristo?
14. « Eu sou o caminho, a verdade e a vida » (Jo. 14,6) Conheço profundamente os ensinamentos da Igreja? Os assimilo e transmito fielmente? Sou consciente de que ensinar o que não corresponde ao Magistério, solene ou ordinário, é um grave abuso, que causa dano às almas?
15. « Vai e não tornes a pecar » (Jo. 8,11) O anúncio da Palavra de Deus leva os fiéis aos sacramentos. Confesso -me com regularidade e com
freqüência, de acordo com o meu estado e com as coisas santas que trato? Celebro generosamente o sacramento da reconciliação? Sou amplamente disponível à direção espiritual dos fiéis, dedicando a isto um tempo específico? Preparo com desvelo a minha pregação e a minha catequese? Prego com zelo e com amor de Deus?
16. « Chamou os que ele quis. E foram a ele » (Mc. 3,13) Estou atento a descobrir os sinais das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada? Preocupo -me em difundir entre todos os fiéis uma maior consciência da chamada universal à santidade? Peço aos fiéis para que rezem pelas vocações e pela santificação do clero?
17. « O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir » (Mt. 20,28) Tenho procurado doar-me aos outros na vida de cada dia, servindo evangelicamente? Manifesto a caridade do Senhor através de minhas obras? Na Cruz, vejo a presença de Jesus Cristo e o triunfo do amor? Dou ao meu dia-a-dia a marca do espírito de serviço? Considero o exercício da autoridade ligada ao ofício uma forma imprescindível de serviço?
18. « Tenho sede » (Jo. 19,28) Tenho efetivamente rezado e me sacrificado com generosidade pelas almas que Deus me confiou? Cumpro os meus deveres pastorais? Tenho solicitude pelas almas dos fiéis defuntos?
19. « Eis o teu filho. Eis a tua mãe » (Jo. 19,26-27) Acudo cheio de esperança à Santíssima Virgem Maria, Mãe dos sacerdotes, para amar e fazer com que amem mais ao seu Filho Jesus? Cultivo a piedade mariana? Reservo um espaço a cada dia para o Santo Rosário? Recorro à sua materna intercessão na luta contra o demônio, a concupiscência e o mundanismo?
20. « Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito » (Lc. 23,44) Sou solícito em assistir e administrar os sacramentos aos moribundos? Considero a doutrina da Igreja sobre os Novíssimos em minha meditação pessoal, na catequese e na pregação ordinária? Peço a graça da perseverança final e convido os fiéis a fazerem o mesmo? Sufrago freqüente e devotamente as almas dos fiéis defuntos?
Oração e exame de consciência propostos pelo Cardeal Mauro Piacenza, Prefeito da Congregação para o Clero, para a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus de 2012, dia dedicado também à oração pela santificação do clero.

Comunicado da Casa Geral da Fraternidade São Pio X.

Por DICI | Tradução: Fratres in Unum.com
Na quarta-feira, 13 de junho de 2012, Dom Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, acompanhado do Primeiro-Assistente Geral, Padre Niklaus Pfluger, foi recebido pelo Cardeal William Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que lhe entregou a avaliação de seu dicastério sobre a Declaração doutrinal apresentada pela Fraternidade em 15 de abril de 2012, em resposta ao Preâmbulo doutrinal entregue em 14 de setembro de 2011 pela Congregação [para a Doutrina] da Fé.
Durante este encontro, Dom Fellay escutou as explicações e precisões do Cardeal Levada, ao que apresentou a situação da Fraternidade São Pio X e expôs as dificuldades doutrinais que apresentam o Concílio Vaticano II e o Novus Ordo Missae. O desejo de esclarecimentos suplementares poderia derivar em uma nova fase de discussões.
Ao final desta longa reunião de mais de duas horas, Dom Fellay recebeu um esboço de documento propondo uma Prelazia Pessoal, no caso de um eventual reconhecimento canônico da Fraternidade São Pio X. Durante o encontro não se discutiu a situação dos outros três bispos da Fraternidade.
Após esta reunião, expressou-se o desejo de que se continue o diálogo que permitirá chegar a uma solução para o bem da Igreja e das almas.
Menzingen, 14 de junho de 2012.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Decisão de Bento XVI a ser comunicada a Dom Fellay nas próximas horas.

Por I.Media | Tradução: Fratres in Unum.com - O superior da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), Dom Bernard Fellay, foi convocado ao Vaticano para encontrar, na tarde de hoje, 13 de junho de 2012, os responsáveis pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), foi informada a I.Media. Neste encontro, o Prefeito da Congregação, Cardeal William Levada, irá comunicar ao responsável pela FSSPX as conclusões de Bento XVI ao final das discussões destinadas a reinserir a Fraternidade na plena comunhão com Roma.
Bento XVI, que realizou diversos gestos em favor desta reconciliação, recebeu em meados de maio, das mãos do Cardeal Levada, as conclusões dos Cardeais e Bispos membros de seu dicastério acerca da reconciliação com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X. À época, os membros da CDF pediram “novos aprofundamentos” da FSSPX sobre certas questões doutrinais, e a Congregação deveria, então, prosseguir suas discussões com Dom Fellay.
Neste ínterim, Bento XVI tomou uma decisão, tendo provavelmente em conta as propostas da CDF. A escolha do Papa muito seguramente foi comunicada em 9 de junho ao Cardeal William Levada e a Dom Luis Francisco Ladaria Ferrer, prefeito e Secretário da CDF, recebidos em audiência pelo Papa.

Faleceu Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, um exemplo ao episcopado brasileiro

Comunicamos, com grande consternação, que Dom Luiz Gonzaga Bergonzini faleceu nesta madrugada, no Hospital Stella Maris, em Guarulhos.  As informações sobre os funerais:

13.06 - HOJE  a partir das 12:00h. - Missas de Corpo presente, de 2 em 2 horas,  na Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição

14.06 - AMANHÃ - a partir das 10:00h. - Missas de Corpo Presente de 2 em 2 horas, na Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição


14.06 - às 16:00h. - Sepultamento na própria Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição

Endereço:  Praça Tereza Cristina. n. 01, Centro, Guarulhos

Guarulhos, 13 de junho de 2012.
Assessoria de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Alma Cruzada


Ah ! eu quisera de minha alma fazer uma espada,
inebriada de heroísmo, sedenta de bravura,
e que só nos combates encontrasse ventura.
Ah ! eu quisera forjar em mim uma alma cruzada,
por Deus pronta para a luta, pronta para a estocada,
uma alma pontiaguda e forte, brilhante e pura.
Ah ! eu quisera de minha alma fazer um a espada,
que cantasse dos combates a épica formosura,
e só aspirasse a glória de ser desembainhada,
que, tendo da cruz a santa forma e a amarga doçura,
fosse escândalo para alguns, e, para outros, loucura.
Branca, virginal, valente e reta , cortante e ousada,
Ah ! eu quisera de minha alma fazer uma espada.

SANTA MARIA, MÃE E RAINHA DA PROEZA

Ah ! eu quisera de tua alma fazer uma espada,
forjada no fogo da epopéia e na chama da proeza,
alma toda católica e sedenta de grandeza,
como a espada só brilhando se despojada.
Só. Tendo a glória de ser como Deus crucificada,
escondendo humilde na bainha o fulgor da pureza.
Ah ! eu quisera de tua alma fazer uma espada,
agressiva, justticeira, altiva e cheia de nobreza.
Obediente e heróica, pela glória de Deus enlevada.
E sem mácula, e sem medo, sem felonia e sem fraqueza,
alma-espada, símbolo sacral de honra e fortaleza,
Como eu, fiel, virginal, intrépida e imaculada,
Ah ! eu quisera de tua alma fazer uma espada !
São Paulo, 8 / I / 1973 Orlando Fedeli

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Entrevista de Dom Bernard Fellay sobre o estado atual das relações entre Fraternidade São Pio X e Roma.

Por DICI | Tradução: Fratres in Unum.com
DICI: O senhor está preocupado com a demora na resposta de Roma, que poderia permitir àqueles que são contrários a um reconhecimento canônico afastar sacerdotes e fiéis da Fraternidade São Pio X?
Dom Fellay: Tudo está nas mãos de Deus. Confio em Deus e em sua Divina Providência, que sabe conduzir tudo, inclusive as demoras, para o bem dos que O amam.
DICI: A decisão do Papa foi postergada como disseram algumas revistas? A Santa Sé o fez saber algo sobre um atraso?
Dom Fellay: Não, não tive conhecimento de qualquer programação. Inclusive há alguns que dizem que o Papa avaliará esta questão em Castel Gandolfo, em julho.
Uma solução canônica antes de uma solução doutrinal?
DICI: A maioria dos que se opõe à aceitação por parte da Fraternidade de um eventual reconhecimento canônico ressalta que os debates doutirnais só poderiam conduzir a esta aceitação [canônica] se tivessem terminado com uma solução doutrinal, isto é, uma “conversão” de Roma. A sua posição sobre este ponto mudou?
Dom Fellay: Devemos reconhecer que estas reuniões foram uma oportunidade para expôr os diversos problemas com que nos deparamos diante do Concílio Vaticano II. O que mudou é que Roma já não faz de uma plena aceitação do Concílio uma condição para a solução canônica. Hoje em dia, em Roma, alguns consideram que uma compreensão diferente do Concílio não é determinante para o futuro da Igreja, pois a Igreja não é só o Concílio. De fato, a Igreja não se limita ao Concílio, ela é muito maior. Portanto, é necessário se dedicar a resolver problemas maiores. Esta tomada de consciência pode nos ajudar a enteneder o que realmente está acontecendo: somos chamados a ajudar a levar aos demais o tesouro da Tradição que pudemos conservar.
Assim, pois, é a atitude da Igreja oficial que mudou, e não nós. Não fomos nós quem pedimos um acordo, é o Papa que quer nos reconhecer. Podemos, então, nos perguntar o porque desta mudança. Ainda não estamos de acordo doutrinariamente e, no entanto, o Papa quer nos reconhecer! Por que? A resposta é: há problemas tremendamente importantes na Igreja de hoje. Devemos fazer frente a estes problemas. Devemos deixar de lado problemas secundários e fazer frente a problemas maiores. Esta é a resposta de um ou outro prelado romano, mas jamais o dirão abertamente; é necessário ler nas entrelinhas para entender.
As autoridades oficiais não querem reconhecer os erros do Concílio. Elas nunca o dirão de maneira explícita. Contudo, se lemos nas entrelinhas, podemos ver que querem remediar alguns destes erros. Eis um exemplo interessante sobre o sacerdócio. Vocês sabem que desde o Concílio tem havido uma nova concepção do sacerdócio, que demoliu a imagem do sacerdote. Hoje vemos claramente que as autoridades romanas procuram restaurar a verdadeira concepção do sacerdote. Já havíamos observado isso claramente durante o Ano Sacerdotal, que ocorreu em 2010-2011. Agora a festa do Sagrado Coração é o dia dedicado à santificação dos sacerdotes. Nesta ocasião, uma carta foi publicada e um exame de consciência foi composto para os sacerdotes. Alguém poderia pensar que foram buscar este exame de consciência em Écône, visto que está claramente em consonância com a espiritualidade pré-conciliar. Esta revisão oferece a imagem tradicional do sacerdote, e até de seu papel na Igreja. É este o papel que Dom Lefebvre afirma quando descreve a missão da Fraternidade: restaurar a Igreja através da restauração do sacerdote.
A carta diz: “A Igreja e o mundo não podem ser santificados senão pela santidade do sacerdote”. Realmente, o sacerdote é colocado no centro. O exame de consciência começa com esta pergunta: “A santicação é a principal preocupação do sacerdote?”. Segunda pergunta: “O Santo Sacrifício da Missa — que é a palavra que usam, não a Eucaristia, a Synaxis ou qualquer outra coisa — é o centro da vida do sacerdote?”. Então são recordadas as finalidades da Missa: o louvor a Deus, a oração, a reparação dos pecados… dizem tudo. O sacerdote deve se imolar — a a palavra “imolar-se” não é usada, mas “dar-se”, sacrificar-se para salvar as almas. Tudo está dito. Depois vem a evocação dos novíssimos: “Pensa o sacerdote frequentemente nos seus novíssimos? Pensa em pedir a graça da perseverança final? Recorda isso aos fiéis? Visita os moribundos para lhes dar a extrema-unção?”. Vê-se como, habilmente, este documento romano recorda claramente a idéia tradicional do sacerdote.
Certamente, isso não elimina os problemas, e ainda há graves dificuldades na Igreja: o ecumenismo, Assis, a liberdade religiosa… mas o contexto está mudando; e não só o contexto, mas a própria situação… Eu distinguiria entre as relações exteriores e a situação interna. As relações com o mundo exterior ainda não mudaram, mas o que acontece na Igreja, as autoridades romanas estão procurando mudar pouco a pouco. Obviamente, ainda segue existindo um desastre maior, devemos ser conscientes, e não dizemos o contrário, mas também é necessário ver o que se está fazendo. Este exame de consciência para os sacerdotes é um exemplo significativo.
Qual atitude diante das questões doutrinais?
DICI: O senhor reconhece que sérias dificuldades permanecem sobre o ecumenismo, a liberdade religiosa… Havendo um reconhecimento canônico, qual seria sua atitude diante destes problemas? Não se sentiria obrigado a manter uma certa discrição?
Dom Fellay: Permita-me responder a sua pergunta com três perguntas: As novidades que se introduziram durante o Concílio foram o começo de um maior desenvolvimento da Igreja, de vocações e da prática religiosa? Não constatamos, muito pelo contrário, uma forma de “apostasia silenciosa” em todos os países cristãos? Podemos nos calar diante destes problemas?
Se queremos fazer frutificar o tesouro da Tradição para o bem das almas, devemos falar e atuar. Necessitamos dessa dupla liberdade de expressão e de ação. Mas eu desconfiaria de uma denúncia puramente verbal dos erros doutrinais; denúncia bem mais polêmica dado que é somente verbal.
Com o realismo que lhe era peculiar, Dom Lefebvre reconhecia que as autoridades romanas e diocesanas seriam mais sensíveis aos números e aos fatos apresentados pela Fraternidade São Pio X do que aos argumentos teológicos. É por isso que não temo afirmar que se ocorresse um reconhecimento, as dificuldades doutrinais seriam sempre ressaltadas por nós, mas com a ajuda de uma lição dada pelos próprios fatos, sinais tangíveis da vitalidade da Tradição. E por isso, como eu já dizia em 2006 sobre as etapas de nosso diálogo com Roma, devemos ter “fé na Missa Tradicional, esta Missa que exige a integridade da doutrina e dos sacramentos, promessa de toda fecundidade espiritual das almas”.
DICI: 2012 não é 1988, ano de sua sagração episcopal. Em 2009 foram levantadas as excomunhões, em 2007 se reconheceu oficial que a Missa Tridentina “nunca havia sido abrogada”, mas agora alguns membros da Fraternidade deploram que a igreja ainda não se tenha convertido. O rechaço a priori por parte deles de um reconhecimento canônico se deve a 40 anos de uma situação excepcional que resulta em uma má interpretação da submissão à autoridade?
Dom Fellay: O que está acontecendo nestes dias mostra claramente alguns de nossos pontos fracos diante dos perigos que foram criados pela situação em que estamos. Um dos principais perigos é inventar uma noção da Igreja que parece ideal, mas que não se situa de fato na verdadeira história da Igreja. Alguns argumentam que para trabalhar “com segurança” na Igreja, em primeiro lugar, ela deve limpar-se de todo erro. Ora, os santos reformadores não a abandonaram para lutar contra estes erros. Nosso Senhor nos ensinou que sempre haverá cizânia, até o fim dos tempos. Não só a erva boa, não só o trigo.
Nos tempos dos arianos, os bispos trabalharam em meio aos erros para convecer da verdade os que estavam equivocados. Não disseram que queriam estar fora, como alguns dizem hoje. Sem dúvida, sempre há que ter cuidado com as expressões “fora”, “dentro”, porque somos da Igreja, somos católicos. Mas, por este motivo podemos nos negar a convencer aqueles que estão na Igreja, sob o pretexto de que estão cheio de erros? Vejamos o que fizeram os santos! Se Deus nos permite estar em uma situação nova, em um combate corpo a corpo a serviço da verdade… Esta é a realidade que nos apresenta a história da Igreja. O Evangelho compara o cristão ao fermento, e queremos que a missa cresça sem estar dentro da massa?
Nesta situação, apresentada por alguns como uma situação impossível, nos é pedido trabalhar como fizeram todos os santos reformadores de todos os tempos. Certamente, isso não elimina o perigo. Porém, se temos a liberdade suficiente de atuar, de viver e de crescer, é necessário fazê-lo. Realmente, creio que isso deva ser feito, sempre e quando tenhamos a proteção suficiente.
DICI: O senhor crê que há membros da Fraternidade que, conscientemente ou não, abraçam teorias sedevacantistas? Tem medo de sua influência?
Dom Fellay: Certamente alguns podem estar influenciados por essas idéias, isso não é novo. Eu não creio que sejam tão numerosos, mas podem causar dano, sobretudo mediante a difusão de falsos rumores. Mas realmente creio que a principal preocupação entre nós é antes a questão da confiança nas autoridades romanas, temendo que o que possa acontecer seja uma cilada. Pessoalmente, estou convencido de que este não é o caso.
Entre nós há desconfiança de Roma, porque sofremos muitas decepções, por isso cremos que possa se tratar de uma cilada. É certo que nossos inimigos podem pensar em utilizar esta oferta como uma cilada, mas o Papa, que realmente quer este reconhecimento canônico, não o oferece como uma cilada.
Ver o que a proposta romana permitirá de direito e de fato.
DICI: Várias vezes o senhor repetiu que o Papa quer pessoalmente o reconhecimento canônico da Fraternidade. O senhor uma confirmação pessoal e recente do mesmo Papa de que é realmente sua vontade?
Dom Fellay: Sim, é o Papa quem quer, e eu o disse várias vezes. Tenho detalhes suficientes em meu poder para afirmar que o que digo é certo, embora não tenha tido nenhum trato direto com o Papa, mas com os seus mais próximos colaboradores.
DICI: Sobre a carta de 7 de abril, assinada pelos outros três bispos da Fraternidade, infelizmente publicada na internet: a análise que ela apresenta corresponde à situação da Igreja?
Dom Fellay: Sobre a posição deles, não excluo a possibilidade de uma evolução. A primeira questão para nós, que fomos sagrados por Dom Lefebvre, foi a da sobrevivência da Tradição. Creio que sim, meus confrades vêem e compreendem que em direito e em fatos há na proposta romana uma verdadeira oportunidade para a Fraternidade de “restaurar todas as coisas em Cristo”, apesar de todos os problemas que permanecem na Igreja hoje, então eles poderão reajustar seu juízo — isto é, com o estatuto canônico em mãos e os fatos diante de seus olhos. Si, eu creio, espero. E devemos rezar por esta intenção.
DICI: Alguns em todo o mundo, incluindo membros da Fraternidade, utilizaram passagens de uma entrevista que o senhor deu à Catholic News Service; estas passagens sugeram que a seus olhos Dignitatis Humanae já não apresenta dificuldades. A maneira como esta entrevista foi feita alterou o significato do que o senhor quis expressar? Qual é a sua posição sobre esta questão em comparação com o que Dom Lefebvre ensinava?
Dom Fellay: Minha posição é a da Fraternidade e Dom Lefebvre. Como de costume, em um assunto muito delicado, é necessário fazer distinções; e algunas destas  distinções desapareceram da entrevista de televis    ão que foi reduzida a menos de 6 minutos. Mas o relato escrtio que CNS fez de meus comentários reestabelece o que disse e que não foi conservado na versão difundida: “Apesar de Dom Fellay se negar a assumir a interpretação (da liberdade religiosa) por Bento XVI como em continuidade com a Tradição da Igreja — uma posição que muitos na Igreja tem discutido duramente –, Dom Fellay falou da idéia em termos surpreendentemente simpáticos”. Na realidade, eu somente recordei que já existe uma solução tradicional ao problema da liberdade religiosa e que se chama tolerância. Sobre o Concílio, quando me fizeram a pergunta: “O Vaticano II pertence à Tradição”, respondi: “Quisera esperar que assim fosse” (que em uma tradução defeituosa ao francês se transformou em “Espero que sim”). Isso está na linha das distinções feitas por Dom Lefebvre de ler o Concílio à luz da Tradição: o que está de acordo com a Tradição, aceitamos; o que é duvidoso, entendemos como a Tradição sempre ensinou; o que é contrário, rechaçamos.
As relações da Fraternidade São Pio X com os bispos diocesanos.
DICI: Uma prelazia pessoal é a estrutura canônica que o senhor indicou em declarações recentes. Pois bem, no Código [de Direito Canônico], o cânon 297 requer não somente informar mas também obter a autorização dos bispos diocesanos para fundar uma obra em seu território. Se bem que é claro que qualquer reconhecimento canônico preservará nosso apostolado em seu estado atual, o senhor está disposto a aceitar que as obras futuras não sejam possívels senão com a permissão do bispo nas dioceses onde a Fraternidade São Pio X atualmente não está presente?
Dom Fellay: Há muita confusão sobre este tema, e é causada principalmente por uma má interpretação da natureza de uma prelazia pessoal, assim como por um desconhecimento da relação normal entre o Ordinário local e a Prelazia. Acrescente-se a isso o fato de que a única referência disponível atualmente sobre uma prelazia pessoal seja o Opus Dei. No entanto, sejamos claros, se uma prelazia pessoal nos fosse dada, nossa situação não seria a mesma. Para entender melhor o que aconteceria, creio que nossa situação seria muito mais similar a de um Ordinariato Militar, porque teríamos uma jurisdição ordinária sobre os fiéis. Seríamos como uma espécie de diocese cuja jurisdição se estende a todos os seus fiéis, independentemente de sua situação territorial.
Todas as capelas, igrejas, priorados, escolas e obras da Fraternidade e das Congregações religiosas amigas seriam reconhecidas com uma verdadeira autonomia para exercer o seu ministério.
Continua sendo certo — como é o direito da Igreja — que para abrir uma nova capela ou fundar uma nova obra, seria necessário contar com a permissão do Ordinário local. Seguramente, temos mostrado a Roma como nossa situação atual é difícil nas dioceses, e Roma continua trabalhando nisso. Aqui ou ali, esta dificuldade será real, mas desde quando a vida é sem dificuldades? O mais provável é que também tenhamos o problema oposto, ou seja, que não sejamos capazes de responder aos pedidos que virão de bispos amigos. Penso em algum bispo que poderia nos pedir que nos encarregássemos da formação dos futuros sacerdotes de sua diocese.
De maneira alguma nossas relações seriam as de uma congregação religiosa com um bispo, mas antes as de um bispo com outro bispo, assim como ocorre com os ucranianos ou os armênios da diáspora. E se, então, um problema não pôde ser resolvido, ele irá a Roma, e então haveria uma intervenção romana para resolver o problema.
Diga-se de passagem, o que se informou através da internet a respeito de meus comentários sobre este tema na Áustria, no mês passado, é completamente falso.
DICI: Se houver um reconhecimento canônico, o que acontecerá com as capelas amigas da Fraternidade independentes das dioceses? Os bispos da Fraternidade continuarão a administrar a confirmação, a fornecer os Santos Óleos?
Dom Fellay: Se trabalharem conosco, não haverá problema: será igual agora. Se não, tudo dependerá do que estas capelas entendem por independência.
DICI: Haverá alguma diferença em suas relações com as comunidades Ecclesia Dei?
Dom Fellay: A primeira diferença é que eles se verão obrigados a deixar de nos tratar como cismáticos. Sobre um desenvolvimento futuro, é claro que alguns se aproximarão de nós, dado que já nos aprovam discretamente; outros não. O tempo nos dirá como se desempenhará a Tradição nesta nova situação. Temos grandes expectativas para o apostolado tradicional, assim como algumas pessoas importantes em Roma e o próprio Papa. Temos grandes esperanças de que a Tradição se desenvolva com a nossa chegada.
DICI: Ainda se houver um reconhecimento canônico, o senhor dará a oportunidade aos cardeais da Cúria, aos bispos, de visitar nossas capelas, celebrar Missa, administrar confirmações, talvez até conferir as ordenações nos seminários?
Dom Fellay: Os bispos favoráveis à Tradição, os cardeais conservadores vão se aproximar. Há todo um desenvolvimento a prever, sem conhecer os detalhes específicos. E sem dúvida também haverá dificuldades, que é bastante normal. Não há dúvida de que virão nos visitar, mas para trabalhar de forma mais precisa, como a celebração da Missa ou as ordenações, isso dependerá das circunstâncias. Assim como queremos que a Tradição cresça, esperamos que a Tradição progrida entre os bispos e cardeais. Um dia tudo será harmoniosamente tradicional, mas quando tempo será necessário? Só Deus sabe.
DICI: Na espera da decisão de Roma, quais são as suas disposições internas? Quais o senhor desejaria aos padres e fiéis apegados à Tradição?
Dom Fellay: Quando em 1988, Dom Lefebvre anunciou que consagraria quatro bispos, alguns o animaram a fazê-lo e outros trataram de dissuadí-lo. Porém, nosso fundador manteve a paz, porque ele não tinha em vista senão a vontade de Deus e o bem da Igreja. Hoje em dia, devemos ter as mesmas disposições interiores. Como seu santo patrono, a Fraternidade São Pio X deseja “restaurar todas as coisas em Cristo”, alguns dizem que não é a hora, outros, pelo contrário, que é o momento adequado. De minha parte, só sei uma coisa: sempre é o momento para fazer a vontade de Deus e sabemos que Ele nos faz conhecê-la no momento oportuno, sempre e quando nos mostramos receptivos às suas inspirações. Por isso, pedi aos sacerdotes renovar a consagração da Fraternidade São Pio X ao Sagrado Coração de Jesus, em sua festa, 15 de junho próximo, e prepará-la com uma novena, durante a qual se recitarão as ladainhas do Sagrado Coração em todas as nossas casas. Todos podem se unir pedindo a graça de se converter em instrumentos dóceis da restauração de todas as coisas em Cristo. (DICI N º 256, de DICI 08/06/12).